Elementos do Inferno



Espíritos Malignos

Uma de suas origens vem do apócrifo chamado de Livro de Enoque. Escrito por um desconhecido, por volta dos anos 200 a.C., nada mais é que uma compilação das lendas atribuídas a Enoque.

Esta obra narra a existência de Anjos Vigilantes que não resistiram a tentação e se deitaram com belas mulheres humanas. Esta relação impura, entre seres espirituais e humanos, acabou gerando os Gigantes que supostamente seriam os citados no Tanakh.
Estes seres grotescos, que não conseguiam saciar sua sede nem sua fome, foram dizimados pelo Anjo Gabriel, mas a destruição de seus corpos acabou liberando seus espíritos que ficaram na terra oprimindo, corrompendo, atacando homens e mulheres e promovendo a destruição, ou seja, eram verdadeiros demônios.


Satanás

A imagem que temos hoje associada ao nome Satanás é o resultado da distorção de sua verdadeira origem. Na realidade ele não é um inimigo de Deus, como foi pintado, e sim um subordinado. Com certeza ele não se rebelou, nem caiu do céu e nem virou o rei do Inferno.

Satanás é um adversário, um dificultador, um apontador de pecados e fraquezas a serviço de Deus. Pouquíssimas vezes é usado como nome de um anjo, e só é apontado como governante de demônios no livro apócrifo de Enoque. Na maioria das vezes que foi usada a palavra estava mais para adjetivo do que para substantivo.


Geh Hinom

Ou Geh Ben-Hinom, era um lugar físico, um vale fora das muralhas de Jerusalém, onde viviam os cananeus. Um povo pagão que chegava a queimar pessoas para oferecer aos seus deuses.

Depois que os judeus tomaram o lugar, transformaram o vale em um lixão a céu aberto onde tudo era incinerado. Por ser muito lixo, o fogo precisava ser intenso e não se apagava nunca. Parecia até um fogo eterno, que mesmo debaixo de neve, continuava ardendo em brasa.
Para que o fogo não se apagasse e tivesse sua intensidade potencializada, eles jogavam enxofre, formando um lago ardente de fogo e enxofre.

Junto dessa lixaiada toda, também eram cremados os corpos de criminosos e prevaricadores como forma de punição, pois mesmo depois de morto, ser jogado no Hinon era extremamente humilhante. Sem muita cerimonia, eles simplesmente jogavam o corpo na fogueira. De vez em quando erravam o alvo e o pecador ficava apodrecendo a céu aberto.

A coisa era tão nojenta e macabra, que os tradutores substituíram o termo “Gehinom” por “Inferno”, adulterando as Escrituras Sagradas em alusão ao “vale do sofrimento” descrito nos livros apócrifos de Enoque, reforçando a "teologia romana" do dualismo entre os reinos de Deus e do Diabo.


She'ol

A tradução mais direta da palavra é região dos mortos ou túmulo.

A tradição rabínica ensina que haveria um destino após a morte: o Gan Êden para as almas boas que esperam a Ressurreição, e o She'ol para os maus.

Este destino para as pessoas más é um lugar, ou um processo, de restauração e purificação para as almas que ainda não estão prontas para entrar no Êden. Não é um estado permanente e pode ser comparado a um tratamento terapêutico que tem início, meio e fim.

Após o período de purificação, a alma poderá acender no Gan Êden, ou ser destruída, caso seja muito má e não consiga se purificar.


As influências de outros povos

Belzebu, que é citado nas escrituras, aparece tanto na Tanakh, quando alguns dos reis de Israel passou a adorá-lo, quanto no Sefer Matitiyahu quando um fariseu diz que ele é o príncipe dos demônios.
Tais referências foram feitas em situações e contextos completamente distintas, mas citavam o mesmo deus que não faz parte da cultura judaica.

Belial é usado na Tanakh como um adjetivo, sempre associado a pessoas de mau caráter. Já no Sefer Matitiyahu, aparece como um nome usado em uma explicação que Yeshua fez aos Apóstolos de uma de suas parábolas.
Mesmo citado pelo Messias, o deus Belial não faz parte da cultura judaica.

Tanto Belzebu, quanto Belial, são deuses da mitologia cananéia.
A cultura cananéia é bem conhecida pelos judeus, pois os cananeus deram origem ao povo hebreu. No início, as características eram tão próximas, que os hebreus cultuavam alguns deuses cananeus. Com o tempo, as culturas foram se distanciando até serem completamente diferentes.

O povo hebreu conviveu e foi dominado por muitos outros povos como os egípcios, sírios, persas, macedônios e romanos.
Esta convivência permitiu que os hebreus conhecessem suas culturas. Apesar de se manterem íntegros em suas crenças, algumas vezes, o povo temia ou adorava os deuses desses outros povos.